23 de fevereiro de 2009

Quero dar uma notícia ao mundo.
Se calhar o mundo já o sabe, mas os seres que nele habitam ainda não. Ou se calhar o mundo sabe, os seres sabem, os corações ainda não quiseram ouvir. Também não quis ouvir...e tapei os ouvidos. Mas quando me cortaram as mãos e o som escorreu em mim como um rugido, fechei os olhos. Os olhos habituaram-se à escuridão e ainda sorri por não querer saber. Mas quando me secaram as lágrimas e os palpebras apodreceram de inércia, a cor putrefacta não mais me largou. E a cor putrefacta cheirava a perfume, um perfume ladrão de sentidos, e o olfacto perdeu-se no último suor de resistência. Quando só a boca me sobrou fechei-a. Quis ter ainda a recordação de outros sabores, de outros abraços. Agora que os dentes já cairam e a lingua se contorce na súplica final, digo em jeito de morte.


Perdemo-nos uns dos outros.


liliana

Sem comentários:

Enviar um comentário